A autora inicia se texto discorrendo sobre o impacto do surgimento e proliferação de novas tecnologias nas nossas vidas, a partir disso defende sua crença sobre como uma boa definição conceitual pode ajudar a compreender a complexidade da realidade que estamos vivendo. Santaela adentra no assunto da cultura das mídias, já abordado em um livro publicado anteriormente e compara como ela compreendia o tema naquela época e atualmente, pontuando como a cultura das mídias (produção, distribuição e consumo comunicacionais) e de massas fazem parte do surgimento da cultura virtual. Para isso ela divide a compreensão das passagens de uma era a outra em 6 períodos: a cultura oral, a cultura escrita, a cultura impressa, a cultura de massas, a cultura das mídias e a cultura digital.
Ressaltando a importância de atentar para a percepção de que os meios não são os únicos responsáveis pelas transformações culturais, mas sim os signos, estes responsáveis por moldar o pensamento humano e propiciar o surgimento de novos ambientes socioculturais. A autora aborda a determinação da linguagem e sua invisibilização perante os fetiches das mídias para explicitar a impossibilidade de separar o meio da mensagem como fator determinante de si mesma, mas também atentando para como o meio em si não é nada sem a mensagem, pois "pois a mediação primeira não vem das mídias, mas dos signos, linguagem e pensamento, que elas veiculam".
Além disso, "[...] quaisquer mídias, em função dos processos de comunicação que propiciam, são inseparáveis das formas de socialização e cultura que são capazes de criar, de modo que o advento de cada povo meio de comunicação traz consigo um ciclo cultural que lhe é próprio e que fica impregnado de todas as contradições que caracterizam o modo de produção econômica e as consequentes injunções políticas em que um tal ciclo cultural toma corpo".
Passando pelas contribuições da cultura da escrita não alfabética, Santaela fala sobre a perceber essa passagem entre as culturas de mídia e massa como imprescindíveis para compreender a cibercultura, retornando assim a seu ponto de partida: o conceito.
A transição acima colocada é marcada pelas mensagens híbridas, frutos de "casamentos" entre linguagens e meios proporcionados por ambas as formas culturais. Um ponto muito interessante é quando a autora explica como as tecnologias são caracterizadas pela capacidade de propiciar escolhas e consumos individualizados (sendo um fator de seleção a sua própria forma), um caminho alternativo a cultura de massa, nos tirando da passividade da mera recepção de mensagens e colocando-nos na posição de buscadores do que desejamos. Uma característica que diferencia a cultura virtual da de mídias é a saída do paradigma de convivência de mídias para um paradigma de "confraternização" dessas, a sua convergência, resultando no cenário atual de exacerbação da produção e consumo de informações.
Sobre as maneiras de ver essa realidade, a autora apresenta aqueles que ela chama de realistas ingênuos, idealistas das redes e céticos: os primeiros são aqueles que tem a realidade como aquilo que é experimentado imediatamente, os segundos aqueles que veem o lado positivo, os ganhos trazidos pela tecnologia e os últimos são os que querem esperar um pouco mais para entender como a realidade está se configurando. A dialética entre as duas primeiras talvez pudesse oferecer a possibilidade de trocas nesse espaço, que é o núcleo do ciberespaço.
Atenta-se ainda no texto para a importância de se saber que o ciberespaço é um fruto de uma interação indivíduo-ambiente permeada pela prática capitalista, portanto compartilhando essa característica com demais formas de cultura, além de preocupar-se também com as possibilidades de transcender as formas culturais atuais.
Por fim Santaela tenta clarificar o conceito de pós-humano, relacionando como a tecnologia tudo transpassa atualmente, moldando a maneira com que vemos o mundo progressivamente, numa espécie de evolução, mas carregando ainda características do humano, como seus paradoxos e contradições. Pós-humano seria o repensar o humano diante dos impactos do tecnológicos que estamos vivenciando. Ainda para a autora os artistas seriam aqueles a quem a sociedade deveria prestar bem atenção, dadas as suas qualidades para sentir e criar a partir de suas experiências. Procurando estudar as metamorfoses e formas de existências pós-humanas a autoria tenta assim percorrer tanto fenômenos da vida social e da cultura como também como a tecnologia perpassa o corpo humano.